Prezados leitores/as,
Hoje compartilho com vocês um conteúdo bastante interessante.
Após solicitar a permissão ao gentilíssimo Oscar (Enoeventos) para publicar em nosso blog a sua matéria divulgada neste final de semana em seu site - e prontamente receber o seu passaporte - convido a todos vocês para "degustarmos", juntos, este delicioso e elegante texto.
A CADEG é um dos locais do Rio de Janeiro que deveria constar da "carteirinha de locais imperdíveis a se conhecer" de qualquer carioca - da "gema", ou não.
É espaço de gente de todos os estilos, gostos, necessidades e culturas.
Confesso - quase que enrubescida - que levei alguns longos anos até me deslocar do conforto da Barra e chegar lá, após insistentes convites de um amigo e, agora, me declaro totalmente seduzida por suas diversidades, mosaico de cores e dança dos aromas. Indico a você também descobrir os acordes e poema deste exótico local.
Salute, boa leitura e vamos ao texto original:
Sábado fui à CADEG, em Benfica, para almoçar. Mais precisamente, no Barsa, um restaurante que inaugurou o ano passado e que levou um pouco de sofisticação àquele mercado. Sofisticação, ma non troppo, pois a nova casa, pequenininha e sem ar condicionado, espalha suas mesas pelas escaldantes "ruas" da CADEG, assim como fazem os outros restaurantes mais simples, que estão por lá há mais tempo. No entanto, naquele calor infernal, o Barsa se diferencia das demais casas pelos ventiladores que espalham vapor d'água pelas mesas - à exemplo do Mercadão de Madureira e do New York da Barra - aliviando o sofrimento.
A CADEG é uma espécie de embaixada informal de Portugal e em diversos restaurantes você pode comer alguns dos mais deliciosos bolinhos de bacalhau do Rio de Janeiro. Mas para minha decepção, o Barsa não oferece essa alternativa. Por quê? Não sei explicar... Com lágrimas nos olhos, optamos por pedir, como entrada, um prato de bruschettas mistas (6 bruschettas grandes de salame, tomate seco e funghi), que custa 25 reais. Uma tristeza, pois o pão não era italiano e mais parecia um broa de milho molenga e adocicada. A apresentação era primária e o gosto bem ruinzinho. Não recomendo...
Como prato principal, pedimos uma meia-porção de Escalopinhos de filet au poivre e outra meia-porção de Coelho à caçadora, ou algo assim... As meias-porções (cerca de 35 reais cada) são enormes e com certeza alimentariam 2 pessoas cada uma. Como estávamos em 2, sobrou comida adoidado... Ambos os pratos estavam muito bons e dá para recomendar sem pestanejar.
A taxa de rolha no restaurante é de apenas 10 reais e dá direito a elegantes taças que, se não são de cristal, pelo menos são daqueles vidros que enganam direitinho. Mas cuidado, se você quebrar uma delas, será taxado em 15 reais!
Normalmente, os clientes compram seus vinhos nas lojas do mercado e consomem no restaurante, mas eu resolvi impressionar e levei de casa um D+D (Douro + Duero), elaborado em Portugal por dois enólogos, um patrício e outro espanhol. Era um corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca que não harmonizou com o ambiente simples. Um casal a nosso lado bebia um Sunrise. Mas a mesa do outro lado, comia porco e arrotava peru: enquanto bebiam um Meia Pipa, a conversa girava em torno de Almaviva...
Um ímã para os enófilos
Mas o que mais me impressionou em minha visita àquele mercado - fazia já uns 6 meses que eu não andava por lá - foi constatar que a CADEG está, rapidamente, se transformando em um polo de lojas de vinhos que não se pode negligenciar. Além das pioneiras lojas Griffe dos Vinhos e Art dos Vinhos, do mesmo dono, existem agora a Olivier Bebidas e a Universo dos Vinhos. Todas elas com preços que fazem corar os comerciantes da Zona Sul. Não é à toa que as lojas estavam com um impressionante movimento e a gente mal podia circular pelos estreitos corredores.
Enófilos e restaurantes, cada vez mais, frequentam a CADEG em busca de bons preços. E os estoques estão bem diversificados, sofisticando-se a olhos vistos, sendo possível encontrar não apenas os vinhos para o dia-a-dia, como também rótulos que não fazem feio em um jantar mais requintado.
Em todas as lojas aconteciam, não apenas uma, mas diversas degustações medianamente sofisticadas, oferecendo queijo e pães para acompanhar os vinhos em exibição. E, enquanto sentados no restaurante, não foram poucas as demonstradoras ambulantes que ofereciam provas de vinho para os clientes. É realmente de entusiasmar o frenético movimento em torno do vinho que se desenrola por lá.
Com tudo isso, não é difícil prever que a tendência de transformar a CADEG de atacadista de flores em um centro de vinhos de excelente custo-benefício é irreversível. E a proliferação de restaurantes, a cada dia com maior qualidade, parece querer fazer daquele mercado um centro de lazer. Se você ainda não conhece a CADEG, não sabe o que está perdendo. Eu recomendo uma visita, principalmente aos sábados, para ficar de bem com a vida. Mas, cuidado, há que madrugar, pois a maioria das casas fecha por volta das 15 horas.
Oscar Daudt
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