Marcas & Mercado: JBS aposta em aves para pôr o JBS USA em ordem. Vai dar certo?

Empresa projeta melhorias superiores a US$ 500 milhões na unidade americana


O JBS corre contra o tempo para colocar sua operação americana - o JBS USA - em ordem. Trata-se de um requisito básico para promover o IPO da unidade, combinado com o BNDES, que subscreveu 2 bilhões de dólares em debêntures em 2009. E, para fazer o JBS USA crescer, a maior aposta é no mercado de aves.

"Frango é a nossa maior oportunidade nos Estados Unidos", afirmou Wesley Batista, presidente do JBS, durante o JBS Day, um encontro com analistas realizado hoje (6/4), em São Paulo.
O mercado de frango está mais desafiador neste ano, segundo Batista, e uma recuperação é esperada somente no segundo semestre. De qualquer modo, o produto é uma das poucas proteínas animais cuja produção deve aumentar nos próximos meses, a fim de atender à demanda dos países emergentes.
No ano passado, os investimentos na operação americana de frangos foram de cerca de 150 milhões de reais. Já a receita líquida da JBS USA foi de 20,35 bilhões de dólares em 2010. A operação reúne unidades de carne bovina, porco e frango.
"O frango produzido nos Estados Unidos tem o mesmo custo, e até menor, que o do Brasil", afirmou Wesley. O Brasil é líder em aves no Oriente Médio - mas os Estados Unidos já vem competindo nesse mercado, segundo o empresário. Batista destacou que o enfraquecimento do dólar americano nesses últimos anos tem favorecido as exportações daquele país.
Reestruturação
As melhorias adotadas no JBS USA devem gerar ganhos de produtividade de 500 milhões de dólares, entre 2011 e 2012, segundo Wesley. A verba para essas melhorias virá dos investimentos programados pelo grupo – um total de 1,4 bilhão de reais neste ano.
Para o mercado de carne de porco, a empresa espera melhorar seu mix de vendas. Na carne de frango, a intenção é otimizar a planta. Na operação de carne bovina, além de melhorias no mix de vendas e na planta, a empresa também pretende expandir o mercado para exportações e melhorar o mix de vendas no exterior.
Nos Estados Unidos, o JBS opera com cerca de 90% da sua capacidade. No Brasil ele opera com 75%. O desejo é chegar a cerca de 85% a 90% também no Brasil, segundo Jeremiah O'Callaghan diretor de relações com investidores do JBS.
O crescimento está sendo gradual, cerca de 2% a 3% ao ano, segundo o diretor. "Mas aqui não depende de nós, depende do boi", afirmou O'Callaghan, referindo-se ao tipo de rebanho, que é confinado nos Estado Unidos, enquanto no Brasil há dependência de safra e entressafra.
Compromisso
Arrumar a casa no JBS USA não é apenas uma questão de estratégia. É, também, um compromisso assumido sobretudo com o BNDES, que bancou a compra da Pilgrim’s Pride, em 2009, por meio da subscrição de 2 bilhões de dólares em debêntures conversíveis.
Em troca, a empresa comprometeu-se a abrir o capital do JBS USA – algo que deveria ter ocorrido no ano passado, foi adiado para 2011 e, agora já não tem mais prazo para ser feito. A avaliação do JBS era de que seria necessário, antes do IPO, melhorar os números da unidade americana para atrair investidores no lançamento de ações.
O atraso já custou uma multa de 300 milhões de dólares no ano passado, suficientes para causar um prejuízo líquido consolidado de 264 milhões de reais à empresa. Resta saber se a aposta no mercado de frango dará o retorno esperado – ou se se mostrará muito parecida com o voo da ave.

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