Ócio & Negócio: O Sentido da Liderança



Costuma-se dizer que a liderança faz o mundo andar.
O amor, sem dúvida, facilita o caminho.
Mas o amor é um compromisso privado entre dois adultos conscientes, enquanto a liderança é um compromisso público com a História.
O conceito de liderança ressalta a capacidade de alguns indivíduos comoverem, inspirarem e mobilizarem massas populares, de forma a caminharem juntos na busca do mesmo objetivo.
Algumas vezes, a liderança está a serviço de fins dignos; outras, não.
Entretanto, independentemente de seus objetivos, os grandes líderes deixam sua marca pessoal nos anais da História.
Mas a liderança pode melhorar ou piorar a História.
Alguns líderes têm sido responsáveis pelas loucuras mais extravagantes e pelos crimes mais monstruosos.
Em contrapartida, outros têm sido vitais em conquistas da humanidade, tais como a liberdade individual, a tolerância racial e religiosa, a justiça social e o respeito pelos direitos humanos.
Não há um modo seguro de reconhecer antecipadamente quem irá liderar para o bem ou para o mal.
Um dos critérios de avaliação pode ser este: os líderes comandam pela força ou pela persuasão?
Pela dominação ou pelo consentimento?
Na maior parte do curso da História, a liderança foi exercida pela autoridade de direito divino.
O dever dos seguidores era submeter-se e obedecer.

“Não perguntar porque, apenas fazer e morrer”.

A grande revolução dos tempos modernos foi a revolução da igualdade.
A idéia de que todos os indivíduos podem ser iguais perante a lei solapou as velhas estruturas de autoridade, hierarquia e respeito.
Um governo fundamentado na reflexão e na escolha exigia um novo estilo de liderança e uma qualidade de seguidores.
Tornava necessários líderes que respondessem aos anseios populares e seguidores ativos, suficientemente bem informados para participar do processo.
Um segundo critério para avaliar a liderança pode ser a finalidade da procura do poder.
Quando alguns líderes têm como objetivo a supremacia de uma raça, a promoção de uma revolução totalitária, a aquisição e exploração de colônias, a produção de ambições e privilégios, ou a preservação do poder pessoal, é bem provável que suas lideranças em nada façam avançar a causa da humanidade.
Quando o objetivo do líder é a abolição da escravatura, a libertação da mulher, a ampliação de oportunidades para os pobres e desamparados, a extensão de direitos iguais para as minorias raciais, a defesa da liberdade de expressão e de oposição, é provável que sua liderança seja uma contribuição para o aumento da liberdade e do bem-estar humanos.
Alguns líderes têm causado um grande mal à humanidade.
Outros foram responsáveis por grandes benefícios.
Mesmo os “bons” líderes devem ser olhados com certa cautela.

Líderes não são semideuses; eles comem e vestem como o mais simples dos mortais.

Nenhum líder é infalível, e cada líder deve ser lembrado disso de tempo em tempo.
A irreverência irrita os líderes, mas é o que os salva.
A submissão total corrompe o líder e degrada seus seguidores.
O culto do líder é sempre um erro.
Felizmente, a adoração do herói gera seu próprio antídoto.

“Todo herói”, disse Emerson, “acaba se tornando um chato”.

O principal benefício que os grandes líderes propiciam é o de encorajar-nos a viver conforme nossa consciência, a sermos ativos, perseverantes e resolutos na afirmação de nossa própria opinião sobre as coisas.
Pois os grandes líderes atestam a realidade da liberdade humana contra as supostas inevitabilidades da História.
Confirmam a sabedoria e o poder eventualmente contidos em cada um de nós, o que explicaria por que Abraham Lincoln continua a ser o exemplo supremo de uma liderança notável.
Um grande líder, disse Emerson, aponta novas possibilidades para toda a humanidade.

“Nós nos alimentamos de gênios... existem grandes homens para que possa haver homens maiores ainda.”

Adaptado de: Arthur M. Schlesinger Jr,
“O sentido da liderança”, em: John J.Val, Fidel Castro, p. 711.

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