Não há como se falar de Uruguai em termos enogastronômicos sem falar das carnes das parrilladas e das uvas Tannat. É um país de pequenas proporções, pouca população, mas riquíssimo em cultura e desenvolvimento de seu potencial vinícola. Sim, para quem ainda não sabe lá se faz muito bons e saborosos vinhos.
Apesar de produzirem vinhos a mais de 250 anos, foi realmente a partir de 1874 com a aposta na uva Tannat por parte de Don Pascual Harriague - que nomeava a Tannat com seu sobrenome, na França, até a década de 80 - que a vinicultura começa a ganhar corpo.
Com apenas cerca de quatro milhões de habitantes e oito mil e quinhentos hectares de vinhas gerando um total de cerca de cem milhões de litros de vinho, dos quais somente cerca de 30% é de vinhos finos e o restante de mesa de acordo com o Instituto Nacional de Vitivinicultura, entidade pública criada no Uruguai no início dos anos 80, que é conduzida a moderna vinicultura nacional.
Os vinhos Uruguaios apresentam características bem diferentes dos vinhos de origem Argentina e Chilena. A Tannat no Uruguai é elaborada tanto em vinhos varietais como em cortes em que seu forte potencial tânico costuma ser suavizado pelo acréscimo de Cabernet Franc, Merlot e/ou Tempranillo.
Um tinto da uva Tannat tem como características a concentração de cores, sabores, corpo e do tanino (daí o nome), aquele elemento importantíssimo da uva que dá cor e uma sensação de adstringência na boca (pois tem a capacidade de coagular a saliva) que pode ser muito intensa. Muitos desprezam a uva por terem na memória um vinho muito adstringente. Mas quando bem trabalhado e elaborado, esta característica marcante da uva ressalta suas qualidades e torna este estilo de vinho uma boa alternativa para as carnes mas, se mal trabalhada, gera vinhos muito rústicos. O vinho Tannat apresenta elevada intensidade de cor e concentração de taninos, por isso necessita de mais de seis meses de amadurecimento em barrica de carvalho para adquirir equilíbrio e maciez.
Afortunadamente, a maioria do que vem sendo exportado para o Brasil são de vinhos de qualidade, bem elaborados e de boa estrutura. Mesmo assim, é aconselhável dar aos varietais desta cepa, especialmente quando 100%, um pouco de tempo em garrafa para que possa usufruir-se de toda a sua complexidade de aromas e sabores e para que os taninos amadureçam.
As características sensoriais do vinho Tannat se caracterizam por apresentar cor vermelho-violáceo intenso, mesmo que variável em função das safras esta sempre foi acentuada, sendo essa uma das principais particularidades desse vinho. De aroma reduzido e notas de frutas vermelhas não maduras, na boca apresenta boa estrutura e é encorpado devido à presença elevada de compostos fenólicos, taninos, antocianinas e alcoóis superiores, mas com pouca fineza, maciez e equilíbrio. No olfato, se distingue por apresentar aroma com notas de reduzido e, algumas vezes, animal, de frutas vermelhas não maduras.
No Brasil a Tannat foi introduzida no Rio Grande do Sul, em 1971, pela Estação Experimental de Caxias do Sul. Os maiores produtores de uva Tannat são os municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Cotiporã, na Serra Gaúcha, e Santana do Livramento, na Campanha.
Mas uma das melhores notícias ficou para o final: faz bem, muito bem para a saúde. Faz bem ao coração e combate o envelhecimento precoce, dentre outras vantagens por sua ação antioxidante e antimutagênica. Os efeitos são produzidos pelos polifenóis, compostos encontrados na casca da uva, que inibem o envelhecimento precoce e a proliferação de células cancerosas e são encontrados em diversas formas na natureza, são parte integrante dos flavonóides e possuem grande poder de neutralizar as moléculas de radicais livres. O resveratrol é um dos mais potentes antioxidantes, pois é uma espécie de antibiótico natural, produzido como parte de defesa das plantas, geralmente na época das chuvas. O resveratrol é encontrado em uma película junto à casca e sementes da uva. Ele diminui as chances de obstrução de vasos sanguíneos e sua ação antioxidante já foi comprovada cientificamente. A substância é capaz de inibir a oxidação do LDL, o colesterol ruim. Quando oxidada, essa molécula nociva tem ainda mais facilidade para se depositar nas artérias até obstruí-las, provocando um infarto ou derrame.
Entretanto é importante ressaltar que vinho não é medicamento, vinho é satisfação e prazer e, apesar dos êxitos constatados em diversas pesquisas acadêmicas, você sempre deverá conversar com seu médico antes de se deleitar com este néctar de Baco.
Assista no link
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1026255-7823-VINHOS+DO+URUGUAI+AJUDAM+A+EVITAR+DOENCAS,00.html a interessante reportagem transmitida na Rede Globo, no programa Globo Repórter, de 08 de maio de 2009.
Então um brinde à saúde e a vida! Salud!
Shirley Santos é
Consultora de Marketing Empresarial e Gastronômico, Gestora Gastronômica,
Palestrante, Professora, Orientadora empresarial & Coach, Escritora,
Colunista Jornalística e Blogueira (http://gestaonahospitalidade.blogspot.com).
Gestora Gastronômica
do buffet Paixões da Chef - Atelier Gastronômico (http://paixoesdachef.blogspot.com)
Uma das 10 Super
Chefs da edição 2011, do programa "Mais Você", na Rede Globo
e-mail:shirleysantos88@hotmail.com
Um comentário:
Shirley, agradeço as palavras gentis a respeito do nosso ‘hobby’ que é brincar com blog. Nosso objetivo é dividir notícias e curiosidades da web, e de quando em vez, emitirmos nossa opinião a respeito de alguém ou algo. Ao mesmo tempo quero dizer que fiquei maravilhado com a descrição da tua receita do ‘contrafilé marinado em vinho tannat com pétalas de cebola’. Isso com certeza é uma tentação, ou ainda mais, nos leva certamente ao pecado da gula. Nesse aspecto minha entrada no céu será vetada de tanto pecar. Parabéns pelo blog, pelo texto fácil, pela criatividade gastronômica e principalmente pelo bom gosto. As pessoas de bem se atraem sempre. Tudo é uma questão de tempo e coração faço das tuas palavras as minhas: SORTE, SAÚDE e SUCESSO SEMPRE. Um abração!
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